

Domingos de Andrade
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Só dá Ventura
Ele é o princípio e será o fim. Por causa dele houve o nascimento e a afirmação. Por causa dele haverá o declínio. Porque só há ele. Foi o candidato nas Eleições Europeias. O candidato às Presidenciais. O rosto que acompanhava os protagonistas das candidaturas autárquicas em tudo quanto era cartaz. E é o único rosto e a única voz do partido no Parlamento.

O abismo do PCP
"How did you bankrupt? Gradually, then suddenly". Com este brevíssimo diálogo, Hemingway resume a falência de um capitalista, entre a vertigem e a previsibilidade dos sintomas que não se quiseram ver. Ironicamente, com o PCP também está a ser assim.

Esforço de guerra
Não foi um acaso, nem inocente, nem apenas um cravo na lapela, o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa no 25 de Abril centrado na necessidade de valorizar as Forças Armadas. O alerta do Presidente da República exprime o despertar europeu na madrugada de 24 de fevereiro, com a invasão da Ucrânia e a erosão da segurança de diversas gerações europeias que só conheciam a paz e a democracia.

Dias de Abril
Quando Volodymyr Zelensky se dirigir esta quinta-feira aos portugueses, sem a incompreensível presença do PCP no Parlamento, fá-lo-á para falar do 25 de Abril que se vive na Ucrânia. Mas os contornos são dramaticamente diferentes. Para derrotar a proposta de servidão do Kremlin, o 25 de Abril ucraniano e a sua luta pela democracia faz-se e vai-se fazer com sangue. O nosso, felizmente, foi feito com cravos.

Meio queijo, meia oposição
O meio Orçamento do Estado reflete pouco sobre o que podem ser as ambições do Governo para a Legislatura, sendo certo que é a partir do documento que se aferem os caminhos. Este já foi construído e apresentado como trunfo de segurança e estabilidade por António Costa, tendo como linhas de força as contas certas e fazendo figas para que o cenário macroeconómico não piore. Mas serve sobretudo de cobertura jurídica para as medidas já tomadas de apoio às famílias e às empresas.

Para que serve a ONU?
Nas manchas enegrecidas daquela bandeira que o Papa Francisco beija, vinda da "cidade martirizada de Bucha", adivinham-se os gritos incontidos de uma mulher violada. Talvez 30, talvez mais, militares, que lhe entraram pela casa adentro e que dispuseram do corpo dela. E adivinha-se uma crueldade sem fim, nas palavras do Sumo Pontífice, cometida contra mulheres e crianças, contra civis. Corpos amarrados. Pais sem filhos. Filhos sem avós. Filhos órfãos. Famílias desfeitas.

Amarrado ao Governo
A nova magistratura de influência do Presidente da República está na forma como, no discurso da tomada de posse do Governo, amarrou o primeiro-ministro aos compromissos que ele próprio foi tecendo. Cortando pela raiz a tentação de deixar o mandato a meio do caminho.

Um governo PS
O que António Costa como político representa hoje para a sociedade portuguesa pode não corresponder aos desafios do país para o futuro, perante a mudança de contexto a que assistimos. Que exige respostas substancialmente diferentes das dadas em 2015 e 2019, até porque a realidade mudou abruptamente nas últimas semanas.
