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"A pandemia também já chegou a África", diz Katarina Johansson, a representante da UNICEF Moçambique, no início da conversa com a TSF.
Em Moçambique, os casos vão progressivamente aumentando, e já ultrapassaram os 200.
"Os efeitos secundários desta doença atacam as crianças e os direitos delas", sublinha Katarina Johansson.
Chegar ao terreno para ajudar as crianças durante a pandemia não é tarefa fácil, o país ainda não recuperou da crise provocada por dois ciclones e são muitos os serviços que não possuem uma resposta rápida.
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"Há falta de materiais para o profissional de saúde em Moçambique. Esta é uma crise mundial, a procura é maior do que a oferta. Só há três dias é que a Unicef recebeu pela primeira vez as máscaras, as luvas e os materiais para se testarem os exames", revela a representante da Unicef Moçambique.
Uma das prioridades é informar e consciencializar a população para o distanciamento social, bem como para as regras de segurança. Mas a tarefa não é fácil, "como é que se diz a uma família 'fiquem em casa' quando elas não têm rendimentos nem condições para o dia-a-dia?", questiona Katarina Johansson.

Kelvin Charamba brinca com a filha junto à tenda onde vive desde o ciclone Idai
© Aaron Ufumeli/EPA
Ainda assim, as rádios comunitárias são usadas para chegar às populações e informá-las sobre a doença que está a mudar o mundo.
A escola em Moçambique tem as portas fechadas pelo terceiro mês consecutivo, o que se traduz em 8,5 milhões de crianças que não têm acesso à educação.
Ao contrário da maioria dos países europeus, a telescola não é uma opção para as crianças moçambicanas.
"As plataformas que permitem a aprendizagem à distância não são acessíveis para todos. E mesmo os meios que utilizamos, como as rádios comunitárias, só chegam a 33% da população rural. A internet só chega a 1% das pessoas", revela Katarina Johansson.
Só há três dias é que a Unicef recebeu pela primeira vez máscaras
O futuro é incerto, mas a representante da Unicef Moçambique teme que as crianças sejam levadas pela medo.
"Quanto mais tempo ficarem em casa, mais difícil é fazer com que as crianças vão para a escola. Têm medo que não haja condições de segurança. Mas ficar em casa também pode ser um risco, mas de outro problema: exposição à violência", afirma Katarina Johansson.
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