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O presidente da Iniciativa Liberal afirmou esta quarta-feira que o partido vai propor a reintrodução dos debates quinzenais para reforçar o escrutínio da maioria absoluta do PS, alertando que "se calhar muitos portugueses se arrependerão" de ter dado o seu voto ao partido.
"Teria sido uma excelente legislatura para fazer reformas de fundo, mas vamos ter um PS com maioria absoluta e não tem primado propriamente pela vontade de reformas de fundo", afirmou João Cotrim Figueiredo, no final da audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que conclui esta tarde a ronda com os oito partidos que conseguiram representação parlamentar nas legislativas de domingo, tendo em vista a indigitação do primeiro-ministro.
Aos jornalistas, o deputado deixou algumas das prioridades do partido, que passou de um para oito deputados, na próxima legislatura, que salientou poder ser a mais longa de sempre, dizendo já ter ficado pré-agendado novo encontro com o chefe de Estado para meados de março, já com "novos dados sobre a composição e o programa de Governo".
"Há dados que para nós já são claros, alguns resultarão em iniciativa política: em primeiro lugar, uma maioria absoluta tem de dar lugar a um escrutínio político ainda mais apertado no parlamento", afirmou, dizendo que o partido irá propor a reintrodução "de imediato" dos debates quinzenais.
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A IL irá também propor o reforço do escrutínio da aplicação dos fundos estruturais e quer rever também a lei eleitoral, de forma a revisitar matérias como os círculos eleitorais (introduzindo os uninominais com um de compensação), o fim do dia de reflexão ou a forma votação dos portugueses no estrangeiro.
"Vamos apresentar logo que tome posse a Assembleia da República um projeto de nova lei de bases de saúde que contemple uma reforma profunda do SNS. Se o PS está disponível ao diálogo e deixou de depender da extrema-esquerda, virá certamente a jogo", desafiou, ainda.

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Muitos se arrependerão do seu voto
Sobre a oposição ao Governo e a conquista de votos, Cotrim de Figueiredo defendeu que os votos na IL vêm de "novos votantes e abstencionistas de longa data", mas também da "fação jovem da esquerda", aconselhando os outros partidos a fazerem o seu "trabalho nas eleições".
Em relação à maioria absoluta do PS, o liberal disse acreditar que "se calhar muitos portugueses se arrependerão" do seu voto quando os socialistas puderem aprovar e recusar propostas "venham de onde vierem" sem ter de "dar satisfações a ninguém".
"É uma tentativa de ganhar hegemonia que não beneficia, como se tem visto, o país", avisou, refletindo que o papel do Presidente da República "não é fácil" perante o atual cenário político, mas acreditando que Marcelo "nunca exercerá os seus poderes de maneira que criará instabilidade".
Bloqueio ao Chega?
Cotrim remeteu para a primeira reunião da bancada, esta quinta-feira, uma posição quanto a uma eventual vice-presidência do parlamento pelo Chega, mas afirmou que a IL não é "um partido como os outros".
Questionado sobre qual seria a posição do seu partido nesta matéria, depois de o secretário-geral do PCP ter hoje afirmado que "não será com os votos" da bancada comunista na Assembleia da República que o Chega vai conseguir eleger um vice-presidente.
Cotrim Figueiredo começou por dizer que iria "responder em português", numa ironia pelo facto de o presidente do PSD, Rui Rio, ter optado por responder em alemão a um jornalista na noite eleitoral.
"Vamos reunir amanhã [quinta-feira] pela primeira vez o grupo parlamentar de oito deputados. Eu tenho a minha opinião, que vou partilhar com eles e que penso que será acolhida e nesse caso terei todo o gosto em partilhar convosco. Mas posso adiantar que não somos propriamente um partido como os outros, como a nossa história recente já prova", afirmou.
Cotrim Figueiredo confirmou ainda que a IL irá apresentar, como tem direito, um candidato à vice-presidência do parlamento, remetendo também para a reunião de quinta-feira a divulgação de quem será.
De acordo com uma notícia do semanário Expresso, publicada na terça-feira, a maioria de esquerda no parlamento poderá impedir a eleição de um vice-presidente do Chega, terceira força política durante a próxima legislatura.
O artigo 23.º do Regimento da Assembleia da República estabelece que cabe a cada um dos quatro maiores grupos parlamentares propor um dos vice-presidentes da Mesa e aos partidos com um décimo ou mais dos deputados propor pelo menos um secretário e um vice-secretário.
Nos termos do mesmo artigo, "consideram-se eleitos os candidatos que obtiverem a maioria absoluta dos votos dos deputados em efetividade de funções".
"Se algum dos candidatos não tiver sido eleito, procede-se de imediato, na mesma reunião, a novo sufrágio" para o respetivo lugar, sendo que, estando "eleitos o presidente e metade dos restantes membros da Mesa, considera-se atingido o quórum necessário ao seu funcionamento".