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O bloqueio no Canal do Suez continua sem fim à vista. Até agora, nem as dragas nem os rebocadores conseguiram fazer com que o "Ever Given", um porta-contentores da Evergreen saísse do sítio e desbloqueasse a passagem no canal que é, sozinho, um ponto de passagem de mais de 10% do comércio marítimo mundial.
A fila de espera já é de mais de 200 navios - incluindo dezenas de petroleiros e porta-contentores - e a londrina Lloyd's List de Londres indica que este bloqueio está a provocar uma retenção de mercadorias avaliada em 9600 milhões de dólares diários (8100 milhões de euros).

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Perante tudo isto, também há em Portugal quem esteja preocupado com toda a situação. O presidente da Associação dos Transitários de Portugal espera que seja rapidamente encontrada uma forma de desbloquear o Canal do Suez.
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"Estamos esperançosos", admite, tal como todas as cadeias de abastecimento que dependem desta travessia e precisam de definir alternativas.
Paulo Paiva revela que os transitários portugueses estão "esperançosos".
Sem informação específica quanto às mercadorias transportadas pelos transitários portugueses, Paulo Paiva alerta para as reações em cadeia que nascem deste contratempo.
O atraso na chegada deste - e de todos os outros navios - ao seu destino faz com que já não consiga, por exemplo, "carregar e descarregar" contentores que, entretanto, já saíram de outros países e que contavam seguir a bordo. E, assim, não podem ser respeitados os prazos de entrega.
"É um bocado difícil quantificar o que está em causa, mas os braços são mais que muitos e vai afetar muita gente", reconhece Paulo Paiva.
Mas nem só de atrasos é feito o problema criado pela situação do Ever Given: os navios podem precisar de seguir por rotas alternativas como, por exemplo, o Oceano Atlântico. E esta é uma solução que sai cara.
Os custos de recorrer a rotas alternativas.
Neste caso, os armadores "farão passar esse acréscimo de custo às mercadorias transportadas". Mas também é previsível que, para compensar alguns atrasos de mercadorias urgentes possa ser utilizada a via aérea. E também essa solução sai mais cara.
Apesar de todas as explicações, adaptar o que se passa no Canal do Suez à realidade nacional pode ser uma das melhores formas de compreender o que realmente se passa: é como se todo o trânsito que habitualmente cruza as pontes 25 de Abril e Vasco da Gama tivesse, de repente, de ser desviado para a ponte de Vila Franca de Xira.
E se, de repente, o trânsito da 25 de Abril e da Vasco da Gama tivesse de ir atravessar o Tejo a Vila Franca de Xira?
Mas há mais: além do acréscimo ao tempo necessário para realizar a viagem, os navios que agora não podem atravessar o canal têm as viagens planeadas de forma a parar em portos preestabelecidos.
"Como é que se decide desviar um navio desses para uma rota alternativa que passa pelo Sul de África e depois sobe o Atlântico todo até à Europa?". Enquanto os responsáveis pensam na resposta, uma coisa é certa para Paulo Paiva: "O impacto é enorme."