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As atenções do mundo ainda recaem sobre a variante delta, que em Portugal chega mesmo a constituir 100% das infeções com o coronavírus. No entanto, uma nova variante, identificada na África do Sul e referenciada como C.1.2, está a deixar em alerta os especialistas, dado o número e o tipo de mutações que contém, e a velocidade a que ocorrem.
Apesar de ainda não ter sido considerada variante de interesse pela Organização Mundial de Saúde, a C.1.2 é a estirpe agora conhecida como a maior portadora de mutações desde que o coronavírus foi detetado na China, adianta esta quarta-feira a Aljazeera.
Uma pré-publicação de um estudo realizado pelo National Institute For Communicable Diseases Of South Africa revela que a nova variante foi identificada primeiramente nas províncias sul-africanas de Gauteng e Mpumalanga em maio, mas chegou a ser detetada na República Democrática do Congo, nas Maurícias, na Nova Zelândia, na Suíça e até mesmo em Portugal.
O estudo também enuncia que as várias mutações que a C.1.2 carrega tornam-na uma variante mais transmissível e mais capaz de contornar a proteção conferida pela vacinação, embora haja alguma reserva dos especialistas quanto às conclusões. Para que uma variante seja classificada como "de interesse" pela OMS, deve ser provada a " maior transmissibilidade ou mudança na doença clínica", bem como uma diminuição da eficácia das medidas de proteção de saúde pública, o que, de acordo com a porta-voz Margaret Harris, ainda não foi concluído quanto à C.1.2.
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Os especialistas têm alertado para a possibilidade de mais variantes surgirem, já que, quanto mais pessoas são infetadas com o vírus, maior é a probabilidade de este sofrer mutações. Quando o coronavírus entra numa célula humana, adquire a tarefa de instruir a célula a fazer mais cópias do vírus, que deixam a célula e infetam outras dentro do corpo do hospedeiro.
O processo de replicação viral é relativamente rápido e os erros são sempre possíveis de ocorrer durante a cópia do ADN viral. Trata-se de mutações. A maioria das mutações é prejudicial ao vírus ou não lhe confere nenhuma vantagem. Mas, por vezes, uma mutação vantajosa para o vírus ocorre aleatoriamente, tornando-o mais transmissível ou mesmo parcialmente resistente às vacinas.
A grande preocupação em torno da variante C.1.2 é a velocidade com que sofreu mutações e o número de alterações que contém. Outra razão pela qual os cientistas querem monitorizar a estirpe de perto é que algumas dessas mutações parecem ser semelhantes às que ajudaram a variante Delta a tornar-se dominante em todo o mundo.
Embora as percentagens da C.1.2 ainda sejam baixas entre a população sul-africana, a variante tem suscitado a preocupação dos especialistas locais em saúde pública e cientistas de todo o mundo. A variante descende da linhagem C.1, que foi uma das linhagens do coronavírus que dominou a primeira onda de infeções na África do Sul em maio de 2020.
