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"Fascinada", Lise Wulff solta o espanto pousando o olhar no voo das várias espécies que constroem os ninhos. Também reparou nos telhados das casas e nas cores que habitam o espaço onde a terra já foi mineira, "ocre, roxo e turquesa", os tons pintados agora nas estacas de madeira que se avistam à entrada da mina, para quem vem de Mértola. É este o novo ninho da aldeia.
A artista plástica, que vive nos arredores de Oslo, é conhecida por trabalhar com as comunidades locais, e por desenvolver esculturas que ligam o Homem à Natureza, utilizando sempre materiais naturais em obras que passam a ocupar o espaço público para usufruto de todos.
Ouça aqui a reportagem da TSF
Um ninho, desta vez é um ninho, com três metros de altura, e quase tanto de diâmetro. O espanhol que também fala ajudou a ultrapassar a barreira da língua. "Fui muito bem recebida", agradece Lise. "Colaboraram, contaram histórias, costumes, provei boa comida e bom vinho nas minas de São Domingos."
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Felipe Abreu, diretor artístico do projeto, explica como ele e Miguel Maia desenharam o projeto Malacate. "Convidámos artistas portugueses e estrangeiros a visitar e a habitar a mina e a desenvolver projetos para a aldeia." Dança, teatro, artes visuais, o céu é o limite e está aberto às várias artes performativas que surjam do encontro entre a população e os vários artistas. "A mina tem poucos habitantes, mas ainda é a casa de muitos milhares de mineiros, e isso a juntar ao carisma que acompanha os seus passos, as memórias, as gentes, cria o ambiente perfeito para a criação artística, contemporânea e participativa."
Até julho do próximo ano, há muito para visitar e seguir na aldeia das minas de São Domingos. Pode ser "à noite no mercado", desfiando histórias temperadas com a gastronomia local, que regressa já em abril, ou em plena luz do dia, como este ninho que habita agora um local abandonado.