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Os sindicatos dos profissionais das forças de segurança denunciam que há polícias e guardas obrigados a comprar material de trabalho com dinheiro do próprio bolso e esperam um compromisso claro do Governo para resolver a situação. Os representantes sindicais da Polícia de Segurança Pública (PSP) vão estar reunidos esta quinta-feira com o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.
O encontro entre os sindicatos das forças policiais e o Governo acontece num momento de forte contestação por parte destes profissionais. O mais recente desafio viral da Internet, o #TetrisChallenge, veio expor ainda mais as fragilidades das forças de segurança portuguesas. No desafio, os agentes deitam-se no chão com tudo o que se pode encontrar dentro da sua viatura.
A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP) e a Associação dos Profissionais da Guarda (APG) sublinham que as fotos que surgiram em Portugal revelam bem a 'pobre' realidade portuguesa, em que nem os materiais mais básicos existem, e que fica evidente a diferença comparativamente às forças de segurança de outros países .
Os sindicatos garantem que muitos polícias e guardas andam com coletes à prova de bala ou gás pimenta fora de prazo e lamentam que muitos dos materiais que as forças de segurança usam, como algemas, tenham de ser comprados pelos próprios.
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"Somos o parente pobre da Europa", disse o presidente da ASPP, Paulo Rodrigues. "Quando olhamos para as imagens do Tetris, percebemos aquilo que é a polícia portuguesa e aquilo que são as polícias de outros países."

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#TetrisChallenge. Polícias e guardas garantem que andam com coletes e gás pimenta fora de prazo
Entrevistado no Fórum TSF, Paulo Rodrigues admitiu que, apesar das grandes dificuldades sentidas, não acredita que um compromisso claro saia da reunião de quinta-feira com o Governo.
"A expectativa já não é muito grande. Gostaria muito que na reunião (...) houvesse já documentação para fazermos um acordo definitivo para a resolução destas questões. Só que a experiência que tenho relativamente ao diálogo [com o Governo] acaba por me levar a algum pessimismo em relação às promessas e às negociações", afirmou.
A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia está pessimista quanto à reunião com o Governo
"Nós estamos num momento em que se chegou ao limite. A partir daqui, das duas uma: ou se fecha a 'casa', ou se resolve os problemas", indicou. "O Governo não pode é continuar a empurrar os problemas por mais anos, isso é que não pode acontecer! Não são só as condições socioprofissionais dos polícias, mas também as questões de perspetiva de carreira e de vencimento [que estão em causa]."
Depois dos polícias, vão ser os militares da guarda a ser ouvidos pelo Executivo. O ministro Eduardo Cabrita recebe a Associação dos Profissionais da Guarda na próxima segunda-feira.
Ouvido no Fórum TSF, José Miguel, vice-presidente da APG, confessou que também parte para este encontro sem grandes expectativas e que qualquer compromisso que sair da reunião "tem de ser muito concreto e muito bem traduzido por escrito".
A Associação dos Profissionais da Guarda considera que o desempenho do ministro da Administração Interna tem deixado "muito a desejar"
José Miguel diz não ter "qualquer confiança" nas palavras do ministro da Administração Interna, depois de não terem chegado a nenhum entendimento com efeitos práticos na vida dos guardas na última legislatura. "Sinto-me completamente traído" pelo "ministro que nos devia defender", confessa,
"O responsável político pelos profissionais das forças de segurança, neste momento, deixa muito a desejar", concluiu.
*com Manuel Acácio e Miguel Videira