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As crianças agrupam-se por salas de acordo com as idades. Há meninos e meninas que vêm vestidos com os garridos e floridos trajes tradicionais. Ali, aprende-se a língua e cultura ucranianas, mas nos últimos tempos a guerra tem sido o tema de todas as conversas.
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Ana tem família na Ucrânia e a inocência dos seus tenros seis anos não lhe retira preocupação. "Tenho primos e primas", conta. Pergunto-lhe se está preocupada. "Sim, porque na Ucrânia está uma guerra", responde.
Ouça a reportagem da TSF na escola Shevtchenko.
O conflito não passa ao lado das crianças que assistem à aflição dos pais. Outros já viveram a guerra na pele. Adrian, com cinco anos apenas, chegou há dias de Kiev. Vivia na capital ucraniana com os avós. Os seus pais já trabalhavam em Portugal.
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Sabe algumas palavras de português. O essencial para dizer que ouvia constantemente sirenes e muito mais do que isso. "Bombas e muito barulho", acrescenta com o rosto cabisbaixo. Para o animar tento mostrar-lhe as vantagens de estar por cá. É um país calmo, tem sol, digo. Mas quando lhe pergunto se gostaria de ficar por cá responde: "Não, gosto da Ucrânia." Não o convenço.
Denis, 14 anos, já nasceu em Portugal mas tem na Ucrânia os seus avós. Diz-se "preocupado e nervoso". Agradece o apoio que os amigos portugueses lhe têm prestado na escola que frequenta. "Tenho uma amiga que está sempre preocupada e tenta acalmar-me."
Também Maxime, 13 anos, confessa que receia pela família que reside na Ucrânia. "O meu padrinho teve de fugir de Kiev para uma aldeia perto de Lviv e a família foi para a Polónia", conta. Uma família que deverá chegar a Portugal em breve. Embora os pais sejam ucranianos, Maxime já nasceu em Portugal. No coração tem dois países. Sente-se meio português, meio ucraniano.

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Sabe que uma guerra tem sempre duas narrativas opostas, por isso, quando se trata de ver notícias, prefere um meio-termo: "Dos russos, nem vale a pena, é só propaganda mas do lado da Ucrânia eles exageram um bocadinho para deixar as pessoas mais calmas."
"Preferem mostrar as pequenas vitórias que vão tendo e não falar tanto das perdas", acrescenta. Por esse motivo, prefere saber das notícias pelos meios de comunicação social portugueses.
"Eles explicam mais ou menos os dois lados", argumenta convicto.