- Comentar
No início da pandemia era comum ouvir-se que o Sars-Cov-2 era um vírus democrático, uma vez que infetava qualquer pessoa, em qualquer contexto, não olhando a géneros ou a fronteiras. Mas ainda que o corona vírus possa infetar qualquer um, a pandemia não atinge todosda mesma forma.
Os dados da Direção Geral da Saúde mostram que por cada dez mortes por covid-19 em mulheres, registam-se treze em homens.
Não há, para já, razões concretas para esta diferença mas os especialistas apontam razões genéticas, hábitos de vida e fatores de saúde.
Ouça aqui o Botequim na íntegra
Mas em termos de taxas de infeção as coisas mudam. Há mais mulheres infetadas do que homens. A média de homens com covid-19 ronda os 45%, os casos confirmados de mulheres está quase nos 55%.
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
E isto explica-se devido ao facto de serem as mulheres a manter as nossas sociedades a funcionar.
Na Europa as mulheres representam 95% dos empregados de limpeza, 93% dos educadores e professores, 82% dos caixas de supermercados, 86% dos auxiliares da ação médica.
No caso de Portugal, há mais de 58 mil mulheres inscritas na Ordem dos Enfermeiros, por comparação a 12 mil homens.
Na Ordem dos Médicos também se nota alguma diferença - são 28 mil mulheres inscritas e 23 mil homens.
Elas estão também em maioria entre os profissionais de apoio a pessoas idosas ou com deficiência. Foram elas também que, predominantemente, substituíram os professores durante os confinamentos, cozinhando; limpando e cuidando, tudo isto em cima do teletrabalho que nunca parou.
A nível europeu os ministros responsáveis pela Política Social já reconheceram que a pandemia afetou mais as mulheres do que os homens e é preciso que os planos nacionais de recuperação traduzam essa diferença.
Para entender os efeitos da Covid-19 na vida das mulheres, quer agora, quer no futuro, o Botequim conta com:
Sofia Neves , doutorada em Psicologia Social, é Professora Associada no Instituto Universitário da Maia (ISMAI) e investigadora no Centro Interdisciplinar de Estudos de Género. Tem feito investigação sobre saúde de populações vulneráveis.
Sónia Dias, professora catedrática e coordenadora do Centro de Investigação em Saúde Pública. Foi responsável pelo Barómetro Covid 19: Opinião Social da Escola Nacional de Saúde Pública.
Susana Peralta, economista e professora de Economia na Nova School of Business and Economics. É também autora do livro "Portugal e a Crise do Século - O terramoto da desigualdade" sobre a crise provocada pela Covid-19 e as consequências para a economia e para as pessoas.
____
Sobre o programa
Botequim, da autoria da jornalista Sara de Melo Rocha, é um programa feito por mulheres, sobre mulheres. Aborda vários assuntos sob a perspetiva delas. É um espaço de diálogo e de escuta, para discutir desafios relacionados com a igualdade de género, através de entrevistas, conversas e histórias de mulheres que marcam a diferença. Cada programa vai abordar assuntos relacionados com política, educação, ciência, direitos humanos e o papel da mulher em cada um deles.